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Leituras Improváveis

"ignorance is bliss"

Leituras Improváveis

"ignorance is bliss"

24/7: Late Capitalism and the Ends of Sleep, by Jonathan Crary

Agosto 23, 2024

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At present, the particular operation and effects of specific new machines or networks are less important than how the rythms, speeds, and formats of accelarated and intensified consumption are reshaping experience and perception.

excerpt from 24/7: Late Capitalism and the Ends of Sleep, by Jonathan Crary

Como o ar que respiramos, de Antonio Monegal

Agosto 21, 2024

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Sabemos que a literatura exerceu um papel fundamental em processos de criação de identidade nacional como os da Alemanha e da Itália no século XIX, prestigiando a língua que haveria de se tornar o padrão unificador. Neste sentido, serviu como uma ferramenta activa. É fácil demonstrar que, atualmente, perdeu essa posição hegemónica, superada em influência social por outros meios de divulgação generalizada, mas que o seu prestígio não declinou por completo no âmbito dos bens, e que este estatuto ainda lhe permite cumprir, em certos contextos, uma função instrumental. Um livro recente de Jaume Subirana, «Construir con palabras. Escritores, literatura e identidad en Cataluña (1859-2019)», demonstra como, no caso catalão, a literatura continua a ser uma ferramenta activa.

Um aspeto fundamental da reflexão de Even-Zohar acerca da constituição de reportórios de bens representativos, por um lado, e de modelos e opções para a vida, por outro, é que a adopção de um reportório partilhado é o que confere coesão e diferenciação a uma entidade coletiva. Encontramos aqui a explicação teórica do conceito de coesão social tantas vezes invocado, mas também vemos como a própria comunidade, e não apenas o sentimento de pertença, se constrói em torno do reportório. O reportório permite criar e manter a identidade coletiva: pode ser inventado ou importado, mas é a adesão a um reportório que cria laços na comunidade.

Afecta todas as categorias da experiência: a língua, a alimentação, a indumentária, os rituais religiosos, os sistemas de parentesco, a distribuição do horário quotidiano, a gestão das emoções, o comportamento sexual, a atitude perante o trabalho, mas também a ligação a um património de bens preciosos, um cânone de escritos, de obras plásticas, de efemérides ou monumentos, que, portanto, se convertem, por sua vez, numa ferramenta ativa de distinção em relação a outros grupos.

É da coesão que depende a disposição dos indivíduos para se solidarizarem com o grupo e colocarem-se ao seu serviço: seja para ir à guerra, ajudar em desastres ou contribuir para o bem comum. Esta coesão é necessária para a sobrevivência das grandes entidades, mas, além disso, faz falta um esforço, um trabalho cultural para incrementar e melhorar as opções disponíveis. De acordo com Even-Zohar, a riqueza de uma sociedade, em termos culturais, não se mede pelo seu património em bens mas pelo volume da sua «caixa de ferramentas», ou seja, pela disponibilidade de opções. Dispomos, assim, de parâmetros distintos dos meramente económicos para avaliar o estado da sociedade: pelo nível de organização, posição alcançada, entreajuda dos seus membros, capacidade para agir, autoconfiança e acesso a oportunidades de empreendedorismo. É nisto que consiste o capital cultural coletivo. Deste modo, propõe Even-Zohar, a energia de uma sociedade e a sua capacidade para responder a novos desafios e crises estão relacionadas com a atividade investida em planeamento e em alargar o leque de opções.

excerto de Como o ar que respiramos - O sentido da cultura, de Antonio Monegal

 

Anedota inspirada na pirâmide de Maslow

Agosto 20, 2024

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Um avião fazia a ligação entre Tóquio e Los Angeles, quando se despenha algures no Pacífico. Os únicos sobreviventes, miraculosamente arrastados pelas correntes até uma ilha deserta: Claudia Schiffer e um português.

Após algumas semanas de convivência solitária naquele fim de mundo, resolvidas questões logísticas mais prementes (água potável, alimentação, abrigo), forçados à comunicação através do designado "mau inglês internacional", o estocástico par entrega-se à prática, afincada e regular, de actividades sexuais diversas, dando três voltas completas ao Kamasutra.

Poucos meses depois, ainda desterrados sem ridente porvir, o nosso conterrâneo pede à modelo alemã que vista roupa de homem, pinte nas suas faces uma barba, utilizando fuligem da fogueira, e responda por António. Intrigada, Claudia desconfia da heterosexualidade lusa, evidenciada até então com enorme brio. No entanto acede aos desejos do colega de infortúnio, apresentando-se à hora de jantar nos moldes solicitados.

É saudada efusivamente:

- António! Não te via há uma eternidade. Dá cá um abraço. Não vais adivinhar com quem ando a pinocar, pá.

 

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