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Leituras Improváveis

"ignorance is bliss"

Leituras Improváveis

"ignorance is bliss"

Um molho de bróculos?

Maio 23, 2024

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Ler tornou-se um problema, ou sempre foi - embora por motivos diferentes?

Se há algumas décadas as famigeradas bibliotecas itinerantes procuravam resolver um problema de acesso, hoje a questão não é mais de escassez, antes de excesso de oferta de livros (e minguante procura?). E concorrência de outras formas de consumir a nossa atenção.

A ubiquidade de dispositivos digitais veio complicar a tarefa de educadores (pais e professores). Deixamos de ter de praticar actividades em série (uma a seguir a outra) para poder fazê-lo em paralelo (em simultâneo), prejudicando não raras vezes o foco, as rotinas e os hábitos. Por exemplo, no passado seria impensável carregar uma televisão debaixo do braço para a cama, mas hoje é possível adormecer com um smartphone,  enquanto se "engolem" videos de curta duração, fazendo compras on-line, e falando/trocando mensagens com amigos madrugada dentro.

O paroxismo da era digital, com as suas infinitas solicitações sem hora marcada - e respectivas consequências nos mais jovens, é relatado com veemência pelo neurocientista Michel Desmurget em A fábrica de cretinos digitais. A questão está longe de ser consensual, como prova este podcast sobre o livro (muito interessante e com diferentes pontos de vista). Entretanto, Michel Desmurget volta à carga com: Faites-les lire ! Pour en finir avec le crétin digital. (Será editado em breve no nosso país). A aposta na expressão cretino digital, um chamariz nos escaparates, no entanto, pode infelizmente aplicar-se também a graúdos.

No meio está a virtude, dizem, mas é cada vez mais difícil aceder a ela sem uma boa dose de autodisciplina, dadas tantas tentações na palma da mão.

 

Hammer & Tickle, de Ben Lewis

Abril 09, 2024

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A história do Comunismo contada através do humor produzido durante os anos repressivos da União Soviética e países satélite. Se a comédia é igual a tragédia mais tempo, está na altura de desfrutar de setenta anos de história? Ben Lewis tentou fazer esse exercício, com mestria, através de um filme e um livro, datados do início deste século. O risco de visionar estes conteúdos hoje, enquanto assistimos ao que se passa na Ucrânia, é não produzirem tantas gargalhadas, ou produzirem, mas virem acompanhadas de interrogações bélicas e económicas, no final dos espasmos. Além disso, outro perigo a atravessar as sociedades polarizadas dos dias digitais é este: a catalogação, por vezes indiscriminada, como comunista - termo conotado negativamente com uma ideologia, e com regimes ditatoriais falhados do passado - de soluções não providenciadas pela iniciativa privada, mesmo quando o mercado livre apresenta falhas comprovadas. As ideologias (as pessoas) precisam de dialética, de dialogar, de engendrar soluções, não de dogmas atávicos. O Estado e o Mercado não devem ser idolatrados nem diabolizados. Felizes as sociedades que encontraram a justa combinação destas duas forças. (Ver trailer  e excertos do filme)

 

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