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Leituras Improváveis

"ignorance is bliss"

Leituras Improváveis

"ignorance is bliss"

O choque das civilizações, de Samuel Huntington

Agosto 16, 2024

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Em suma, o ressurgimento religioso no mundo é uma reacção contra o secularismo, o relativismo moral e a auto-satisfação e uma reafirmação dos valores da ordem, da disciplina, do trabalho, da ajuda mútua e da solidariedade humana. Os grupos religiosos satisfazem necessidades atentididas pelas burocracias estatais. Incluem o fornecimento de serviços médicos e hospitalares, cuidados com idosos, socorro rápido depois de catástrofes naturais, ou de outro tipo e apoios de segurança social durante períodos de carência económica. O colapso da ordem e da sociedade civil cria vazios que são preenchidos por grupos religiosos, frequentemente fundamentalistas.

excerto de O choque das civilizações, de Samuel Huntington

Os intrusos, de Phillip Ther

Refugiados na Europa desde 1492

Julho 26, 2024

 

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A emigração dos Huguenotes de Jan Antoon Neuhuys

Os exemplos da antiga Jugoslávia na década de 1990, da Irlanda do Norte na década de 1980, da Guerra de Chipre de 1974 e dos conflitos servo-croata, servo-bósnio e polaco-ucraniano durante a Segunda Guerra Mundial demonstram, todos eles, que a violência com motivacões religiosas não terminou com a modernidade e com a concomitante secularização. A religião - ou, para ser mais rigoroso, o pretexto dos argumentos religiosos - continuou a desempenhar um papel essencial nos conflitos e nas guerras da Europa, hostilidades em que a violência entre grupos populacionais e em que os criminosos individuais ficaram fora de controlo.

Dificilmente se pode afirmar, portanto, que a Europa Ocidental aprendeu a sua lição na Guerra dos Trinta Anos ou com os huguenotes, ou que tem sido um reduto de tolerância religiosa desde o Iluminismo. Os esforços para retratar uma identidade europeia baseada na tolerâcia são bem-intencionados, mas são tão sólidos quanto a afirmação de que a Europa supliantou o nacionalismo radical por causa das duas guerras mundiais do século xx. A violenta dissolução da Jugoslávia, na década de 1990, demonstrou, uma vez mais, a virulência do nacionalismo carregado de religiosidade e a tenacidade dos argumentos (pseudo) religiosos.

excerto de Os intrusos, Refugiados na Europa desde 1492, de Phillip Ther (Edições 70)

 

A Indústria do Holocausto, de Norman G. Finkelstein

Junho 17, 2024

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Portanto, a invocação do Holocausto tornou-se uma artimanha para tornar ilegítimas todas as críticas aos judeus, como se só pudessem resultar de um ódio patológico.

 

Os meus pais perguntavam-se muitas vezes por que razão eu me indignava tanto com a falsificação e exploração do genocídio nazi. A resposta mais óbvia é que têm servido para justificar políticas criminosas do Estado israelita e o apoio americano a essas políticas. Também tenho um motivo pessoal. Dou importância à memória das perseguições à minha família. A actual campanha da indústria do Holocausto para extorquir dinheiro à Europa em nome das "vítimas necessitadas do Holocausto" reduziu o estatuto moral do seu martírio ao de um casino de Monte Carlo. No entanto e independentemente desta preocupação, continuo convencido de que é importante preservar a integridade do registo histórico e lutar por ela. Nas páginas finais deste livro afirmo que, ao estudar o holocausto nazi, poderemos aprender muito não apenas sobre "os alemães" ou os goyim*, mas sobre todos nós. Porém, penso que para isso, para verdadeiramente aprendermos algo com o holocausto nazi, há que reduzir a sua dimensão física e ampliar a sua dimensão moral. Aplicaram-se demasiados recursos públicos e privados na celebração da memória do genocídio nazi. A maior parte do que se fez não tem validade: não é um tributo ao sofrimento dos judeus, mas ao poder judaico. Já é altura de abrirmos os nossos corações aos restantes sofrimentos da humanidade. Esta foi a principal lição que recebi de minha mãe. Nunca a ouvi dizer: Não compares. Ela comparava sempre. Claro que há que fazer distinções históricas. Mas construir distinções morais entre os "nossos" sofrimentos e o "dos outros" é em si uma deformação da moral. "Não se pode comparar dois seres infelizes", dizia Platão, "e afirmar que um é mais feliz que o outro". Diante dos sofrimentos dos afro-americanos, dos vietnamitas e dos palestinianos, o credo da minha mãe foi sempre: "Todos nós somos vítimas do holocausto".

NORMAN FINKELSTEIN

Nova Iorque, Abril de 2000

* Os que não professam a fé hebraica (N. da T.).

excertos de A Indústria do Holocausto, de Norman G. Finkelstein (reeditado recentemente pela Antígona)

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